Sonia Andrade

Apresentação
A Galeria Athena tem o prazer de apresentar a videoinstalação Sem Título (2005) de Sonia Andrade.
 
Ao entrar no espaço, o público se depara com uma das paredes em chamas. O tempo passa, mas o fogo não para de queimar. É a “magia” ou “ilusão” do vídeo, que parece controlar a passagem (ou congelamento) do tempo – questão fundamental aqui, e recorrente em boa parte da produção da artista. Entre o projetor e a imagem ampliada na parede, há uma obsidiana. A pedra formada a partir do resfriamento de lava vulcânica, se apresenta como um obstáculo, mas também como uma nova superfície para a projeção. Ao mesmo tempo em que parte da imagem reflete na pedra, a pedra também esconde parte da imagem projetada na parede, deixando no lugar a sua sombra. Sonia aqui parece propor um jogo entre noções caras para a história da arte, como opacidade e transparência, luz e sombra, material e imaterial, objeto e representação. Há também nesse trabalho, e no conjunto do qual ele faz parte, realizado no início dos anos 2000, a relação entre dispositivos técnicos da imagem (como o vídeo e a projeção) com elementos da natureza (pedras e cristais, além de imagens em movimento da água e do fogo), buscando uma ocupação física no espaço pela luz.
 
Em quase cinco décadas de produção, Sonia Andrade apresenta uma obra marcada pela investigação do vídeo como poética e como suporte. Como uma das precursoras da videoarte no Brasil, produziu entre 1974 e 1977 seus primeiros vídeos: um conjunto fundamental de oito obras no qual o corpo da artista aparece testado em seus limites e condicionamentos, seja deformado por um fio de náilon, tendo os cabelos tosados, a mão presa a uma tábua por pregos e fios ou ainda parcialmente aprisionado em gaiolas, além da própria presença e condicionamento do corpo feminino. Nas décadas seguintes, continuou sua pesquisa sobre a imagem técnica e sua produção, ampliando cada vez mais os limites das telas. Desenvolveu obras incorporando os monitores como objetos, assim como conduítes e fios de cobre, e ampliando a presença da imagem, em projeções de grandes escalas, tendo como superfície não só a tela, mas em materiais inusitados como pó de mármore, pedras e cristais. Seu interesse pelo espaço, o tempo e o corpo, também se faz presente em grandes instalações, que reúnem elementos como cartões postais, xerox, correspondências, mapas, fotografias e anotações, organizados ao longo de décadas de colecionismo.
Obras