Rodrigo Bivar: Nada pensa nada
O título, tirado de um verso de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, em O Guardador de Rebanhos diz: "Que pensará isto daquilo? Nada pensa nada”. Para Bivar, se o escritor fala que 'o sentido íntimo das coisas é elas não terem sentido íntimo nenhum', isso nos faz pensar que não haveria razão alguma em escrever nada.
“Mas escrevendo ele devolve mistério ao mundo, torna o mundo um lugar um pouco mais confuso, e menos pragmático ou funcional, e eu gostaria que minhas pinturas tivessem essa qualidade".
Suas pinturas abstratas que, a partir da série Lapa, assumiram um tom mais rigoroso, agora parecem radicalizar a simplicidade das formas de maneira não menos rigorosa.
Entre outras ações novas no procedimento de Bivar, o artista encarou o ato laborioso de eliminar as manchas de suas pinturas, deixando em algumas delas apenas vestígios estruturais.
Outras vezes, formas retangulares evidenciam somente algumas linhas de cor escondidas pelo branco, remetendo ao espectro da pintura que se mescla também com a energia do ofício. Bivar encontra beleza na arte que se arrisca a falar sobre nada, ou tudo.