Tomás Cunha Ferreira: Panapanã

Apresentação

A Galeria Athena tem o prazer de apresentar Panapanã, de Tomás Cunha Ferreira.

 

Esse é o Tomás e essa é uma segunda-feira de junho no centro de São Paulo. O céu está azul, sem uma nuvem, mas na sombra faz frio. Falamos sobre ser suscetível a dias bonitos. O humor muda totalmente. Tomás diz que é obcecado por platibandas, pela ideia de pintar a fachada da casa para morar num lugar bonito. O engraçado é que as casas, por dentro, nem sempre são bonitas. Na casa a gente entulha papéis, roupas que não cabem mais, livros que nunca vamos abrir, contas de luz e notas fiscais, muita tralha. Então pra que pintar a fachada, se a gente não mora na fachada? Por outro lado, pintar a fachada é como morar numa cor. Vestir uma casa como quem escolhe a melhor roupa para usar no domingo. Entre uma casa com uma bela vista e uma casa com uma bela fachada, qual você escolheria? Tomás diz que a fachada é uma espécie de rosto. E todo mundo tem um rosto. Pedimos café com uma bola de sorvete e uma rabanada. A rabanada é gigantesca, mal cabe no prato. Tomás lembra uma frase da Patti Smith sobre estarmos todos vivos ao mesmo tempo. As pinturas nos tecidos podem ser platibandas, mas podem ser também uma estranha espécie de borboleta pousada na parede, grande demais, prestes a dar o fora. Tomás já precisa ir. O dia continua azul pela janela, o melhor azul que tinha no armário.

 

Alice Sant’Anna

Vistas da exposição
Obras