Krajcberg & Zanine

Apresentação
Uma conversa inédita entre velhos amigos acontece na Sala Cubo. Krajcberg & Zanine é a primeira vez que uma exposição se dedica a dois dos grandes nomes da cultura brasileira: o escultor Franz Krajcberg (1921-2017) e o arquiteto e designer José Zanine Caldas (1919-2001). Com personalidades e produções muito diversas, eles construíram em madeira o elo que os une definitivamente. Ambos tinham em comum a preocupação com o meio ambiente e o uso sustentável da madeira, quando pouco se falava sobre o assunto.
 
Nascido na Polônia, Franz Krajcberg começa a viver no Brasil em 1948, naturalizando-se em 1957. O ano de 1972, que internacionalmente marca a realização da Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente, organizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Estocolmo (Suécia), marca também de maneira definitiva a produção do escultor. É neste ano que ele passa a residir em Nova Viçosa, no litoral sul baiano, e sua obra passa por importantes mudanças. Sempre interessado em incorporar em sua produção elementos e recursos naturais característicos dos lugares pelos quais passava, ampliou o processo de escultura iniciado anos antes em Minas Gerais, e na Bahia começou a trabalhar com vegetação danificada por queimadas e desmatamento. Ele intervinha especialmente em troncos e raízes, utilizando pigmentos naturais, criados por ele, nas cores preto, branco e tons de vermelho. O caráter de denúncia de suas obras fez com que ele fosse mundialmente conhecido como um ecologista. 
 
Foi José Zanine Caldas quem levou Krajcberg pela primeira vez a Nova Viçosa e lá construiu a famosa casa-ateliê do artista no alto de uma árvore. O arquiteto e designer começou a frequentar a região em 1968, quando sonhava em transformá-la em uma capital cultural, levando além de Krajcberg, outros nomes como Chico Buarque e Oscar Niemeyer. É em Nova Viçosa que Zanine redescobre e modifica bastante a sua produção, tanto arquitetônica quanto de mobiliário, passando a utilizar madeiras de resíduo florestal. Nesse momento, o princípio do reaproveitamento de materiais disponíveis para criação de seu mobiliário e arquitetura é utilizado como forma de protesto. As peças produzidas enquanto esteve em Nova Viçosa são conhecidos como Móveis Denúncia e alertam para uma Mata Atlântica que sofria pelo desmatamento e pelo desperdício de sua matéria-prima.
 
Krajcberg & Zanine  é uma celebração dessa parceria, e da importância da produção desses dois nomes para a cultura brasileira. É também um exemplo de como a produção artística é peça fundamental para pensar nossa presença no mundo.
Obras