Esforço-Desempenho

Apresentação

O termo “Esforço-Desempenho” se refere a um conceito cunhado por teorias da motivação que tentam explicar determinantes de comportamentos para gerar modelos de incentivo. Apoia-se, portanto, na premissa de que o indivíduo fundamenta suas ações orientado pela antecipação de eventos futuros. Em síntese: associa um resultado ao seu esforço. Articular esse tipo de formulação – aplicada principalmente à governança corporativa – no contexto de uma exposição de arte, questiona o que deve continuar nos servindo de impulso para realizar, e a eficácia do fazer; assim como joga luz sobre as discussões em torno da possibilidade de uma produção com fim em si mesma. 

Aqui, também é tomada para ventilar maneiras de se pensar o conturbado estado de ânimo coletivo através de proposições/gestos/disposições estéticas.


Numa virada de ano marcada pelo acúmulo arrastado de complexas tensões sociais, esta mostra reúne trabalhos que juntos sugerem, senão a anulação, um rebaixamento de expectativa. Traça, desse modo, uma espécie de contraponto à euforia comum aos discursos pautados pelas promessas de crescimento econômico, grandes construções e megaeventos.


Conduzida pela ideia de um tempo ausente de elevadas aspirações como condição para concebermos ações à altura dos desafios do calendário, aponta operações de fissura no consenso costurado pelo imaginário social do "país do futuro". Propõe então outro ritmo: não o apressado esperançoso que regeu a toda força as vozes públicas oficiais na última década, que mesmo diante de um cenário de esgotamento, insistem em depositar no porvir a conjuntura capaz de promover transformações desejáveis. Nesse sentido, a exposição circunscreve um exercício de não aderência, preocupado sobretudo com as latências do presente.

Abre-se espaço para que diferentes proposições indiquem, cada uma ao seu modo, certo distanciamento do signo do espetacular e de narrativas voltadas ao apelo de massa e ao significado global. São manifestações que se dão de lugares próprios, colocando em perspectiva nossas medidas de importância e ao que conferimos atenção. Entre movimentos de repetição e dispersão; declarações íntimas e vistas nubladas; desgastes e marcas de uso; consternação e letargia, constitui-se um conjunto heterogêneo cujos sentidos são ora assertivos ora indiretos, mas que podem igualmente nos fazer experienciar novas formas de nos afetar.

Germano Dushá

Vistas da exposição
Obras