Vanderlei Lopes: Ressaca
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Overview
A Athena tem o prazer de apresentar a exposição individual Ressaca, de Vanderlei Lopes, com texto crítico de Lilia Schwarcz.
Ressaca é um projeto inédito, pensado especialmente para ocupar a Sala Cubo da galeria – um espaço de 140m² e pé direito de 6,5m. Nele, Vanderlei Lopes reúne centenas de resíduos ou vestígios, fundidos em bronze, dispostos diretamente sobre o chão. São garrafas pet, maços de cigarro, bitucas, embalagens, canudos, rodelas de limão, chicletes mascados, panfletos, caixas, sacos, pinos de cocaína, panfletos de igrejas, fragmentos de jornais, propaganda de supermercados (com imagens de açougue e outros produtos agro), santinhos, cartuchos de balas perdidas, fragmentos de mapas e uma infinidade de outros pequenos objetos, fundidos e pintados conforme sua aparência original. Como em uma ressaca, eles são trazidos para dentro espaço expositivo, ocupando o chão de modo espaçado, formando uma curva irregular que ecoa o desenho da praia de Botafogo, localizada a mais ou menos 1 km de distância da galeria.
Em mais de duas décadas de produção, Vanderlei Lopes vem construindo um corpo de trabalho interessado especialmente na discussão sobre a tradição da prática escultórica e sua utilização dentro do contexto da produção contemporânea. Em Ressaca, uma ampla e diversa gama de objetos, originalmente com diferentes usos e funções, são apresentados em uma situação em que se igualam. São todos restos, descartados depois de terem sido usados e perdido sua serventia. Ao reproduzi-los em bronze, em uma escala reduzida em relação aos seus tamanhos originais, o artista os transforma em esculturas, atribuindo a eles novo valor e maior durabilidade.
Segundo Vanderlei Lopes, “De um lado, Ressaca deseja tratar de uma espécie de torpor existencial, de um consumo desenfreado, no qual cada objeto consumido é índice e portador de um conjunto imenso de ações problematizáveis, de comportamentos repetidos, impensados, viciados na produção, na finalidade e no consumo. De outro lado, os objetos perpetuados em bronze, desejam transformar em monumento, uma reticência, uma espécie de interrogação, um estado de suspensão, como uma reflexão sobre o incessante movimento humano de converter uma natureza em outra”.
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